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Medeiros Braga
Biografia

Medeiros Braga - Membro da ABLC(Academia Brasileira de Literatura de Cordel)

Facebook de Medeiros Braga




Matéria no Programa Diversidade, da TV Itararé.


Eu, Luzimar Medeiros Braga, menos desconhecido nos meios culturais por Medeiros Braga, conheci os chamados “folhetos de feira”, hoje cordel, nos meus 13 anos de idade na povoação de Nazareth, município de Souza, por volta de 1954, através dos poetas folheteiros, que cantavam seus folhetos nas feiras do povoado. Foi quando mais tarde eu peguei o manejo dos versos e comecei a rascunhar as primeiras estrofes. Já estudando em grupos escolares, conheci também a poesia erudita de Olavo Bilac, Machado de Assis e, entre outros, a poesia de protesto à escravidão escrita e lançada em praça pública pelo grande Castro Alves, que ganhara a alcunha de “o poeta condoreiro”.

Através do estilo poético dos folhetos de feira e a poesia crítica daquele poeta, eu comecei a tecer o meu manto poético. Hoje sou autor de 193 títulos em cordel e vários livros de centenas de estrofes, como o Dom Quixote de La Mancha com mais de 500 estrofes, e o último, o “1984-Da Prosa Crítica de George Orwell aos Versos de Cordel de Medeiros Braga”, que superou as 900 estrofes septilhas.

Tenho procurado desenvolver um trabalho educativo na composição da história, da ecologia, da filosofia, do cangaço, dos movimentos indígenas, afros, mulheres guerreiras, entre outros. Da nossa brava região, organizei em um livro que denominei de “Revolução Revolta Guerra e Massacres no Nordeste Brasileiro”, os trabalhos A Revolta dos Malês, A Revolução Pernambucana, A Revolta Quebra Quilos, A Revolução Praieira, A Guerra de Canudos, O Massacre de Caldeirão, A Tragédia de Tracunhaém, A Guerra de Pau de Colher, O Quilombo dos Palmares, A Guerra dos Cabanos, A Guerra da Independência e a Confederação do Equador.

Os meus trabalhos, antes da pandemia eram expostos aos leitores nos eventos das universidades, escolas secundárias, feiras de livros, bancas de revistas e livrarias. Vários deles já foram utilizados em monografias, teses de mestrado e até mesmo de doutorado. De início enfrentei muitas dificuldades e tive que publicar em impressoras de pequenos cartuchos. Não havia lucro, a não ser do prazer de ver chegar às mãos do leitor os modestos trabalhos.

Hoje há mais facilidade em se tratando de trabalhos digitais através da internet onde os poetas, sem muita dificuldade, postam seus trabalhos, e até chegam a vender. Mas, no que diz respeito a edição impressa, as dificuldades continuam, vez que não há, praticamente, editora que se aventure na sua publicação por conta própria.

Hoje, na minha idade, é a minha maior preocupação fazer com que os cordéis que acredito que contribuem na construção de um mundo humano e justo, cheguem aos jovens. No meu entendimento não há saída para melhorar o mundo se não for através do saber. Isso é, como diria Paulo Freire, o saber em si não muda o mundo; o saber muda as pessoas que haverão de mudar o mundo para melhor.

Com o apoio do projeto em questão, os poetas terão uma oportunidade de pôr os carros nos trilhos e levar os seus saberes a distantes rincões.
As rodas dos vagões cantarão por nós!
Que seja bem-vindo!
Medeiros Braga


Luzimar Medeiros Braga
É o meu nome completo,
Medeiros Braga é a marca
Que deixo após que poeto;
Desde o primeiro exemplar
Que cheguei a publicar
Eu mantenho esse projeto.

Nasci no Alto Sertão
Da Paraíba do Norte,
Quem ali nasce se acha
Como pessoa de sorte,
Por consequência do meio,
Sempre ele sente o receio
De muitos riscos de morte.

Nasci em Nazarezinho
Em vinte de abril de mil
Novecentos e quarenta
E um, com seu céu de anil.
Nesse ambiente fraterno
Era uma manhã de inverno
Mas com seu ar varonil.

E assim eu vim ao mundo,
Saudável pude crescer,
Pegando as primeiras letras
Consegui ler e escrever,
Sendo por leitura louco
Adquiri pouco a pouco
Um razoável saber.

Na Fazenda Vale Verde
Que tanto amava, eu vivia
Ouvindo da passarada
Sua bela sinfonia.
Naquele meu universo
Montei no primeiro verso
E galopei na poesia.

No meu tempo de menino
Com meu cavalo de pau
Cavalguei qual Dom Quixote
Em combate ao lobo mau.
Corria pelas quebradas
Ao cantar das passaradas
Em majestoso sarau.

Ainda ali, com enxada,
Limpei o casco do chão,
Semeei, plantei, colhi,
Arroz, o milho, o feijão,
E na represa do açude,
Bela paisagem, inda pude
Também plantar algodão.

Quando tudo lembro, dá-me
Uma saudade medonha,
Sinto-me, fechando os olhos,
Como quem tão feliz sonha.
Foi de alegria repleta
Que me revelei poeta
Dentro da vida risonha. 

Sou um poeta... porém,
Não nasci vate irrestrito,
Poeta me fez o campo
Com seu cenário bonito...
O cantar dos passarinhos
Embelezando os caminhos
Ante tão belo infinito.

Poeta me fez a aurora
Já com raio abrasador,
Tendo o galo em reverência
Como seu despertador;
Seus vales ensolarados
E sempre aromatizados
Pelos perfumes da flor.

Cresci ainda assistindo
As duplas de violeiro,
Pude escutar sob árvores
O cantar do folheteiro,
Ouvi, com ares bisonhos,
Os improvisos tristonhos
Nos aboios do vaqueiro.

Li folheto pelos sítios
Para gente analfabeta,
E vi mais em muitas noites
A lua bela e discreta.
Desses tocantes eventos
Foram os seus sentimentos
Que me fizeram poeta.

Mas, também de Castro Alves
Seus versos li empolgado,
Comunguei seus ideais,
Tornei-me um seu aliado,
Agreguei entre meus versos
Seus sentimentos diversos
Com a dor do injustiçado.

Detendo certo domínio
Da poesia popular
E a poesia condoreira
Que ele veio a disparar,
Qual num possante cavalo,
Eu peguei o seu embalo
E não pude mais parar.

São cento e noventa e três
Os cordéis por mim escritos,
Uma dezena de livros
Nesses estilos e ritos;
“MIL NOVECENTOS E OITENTA
E QUATRO”, como tormenta,
Nos seus temas de conflitos.

“MIL NOVECENTOS E OITENTA
E QUATRO”, do grande Orwell,
Fiz com quase mil estrofes
Sob as técnicas do cordel.
Avesso ao capitalismo,
Fiz por puro idealismo
Sem olhar grana ou laurel. 

Procurei entre os poetas
Ser mais um vate do povo,
Desses que levam o protesto
Diante de todo estorvo;
Dos que lutam com bravura
Para fazer da cultura
Uma luz do mundo novo.

Também, penso como muitos
Que pra mudar o poder
Só há de fato uma arma
Capaz de retroceder;
Sendo, assim, constituída,
De todas é a mais renhida
O imprescindível saber.

Temos que levar ao povo 
A história verdadeira
E não a que foi contada
Por uma elite matreira,
Esta é tão alienante
Que seu sistema farsante
Mostra como de primeira.

Pela mídia nós sofremos
A lavagem cerebral,
Não vemos a extorsão
Nem consequências do mal,
Nós sentimos o dilema,
Mas, não vemos o problema
Da partilha desigual.

Não sabemos nós, sequer,
O que é democracia,
Como direito de um povo
Que constitui maioria,
Assim, as leis aprovadas
São todas sancionadas 
Em favor da minoria. 

A sujeira do sistema,
Os gastos mirabolantes
Da Justiça, Parlamento
E roubo dos governantes,
Tem-se já, de tempo algum,
Como prática comum
Das elites dominantes.

Para mudar o cenário
De vergonha a degradar
Deve o povo ter saber
Pra poder livre pensar;
Sem a boa educação
Jamais como cidadão
Poderá se libertar.

Mas no dia em que tivermos
O imprescindível saber,
A marcha da humanidade
Não há quem possa deter.
Se assim, juntos lutamos
Aquilo que nós sonhamos
Vai, de fato, acontecer.    

Convicto de que o saber 
É quem traz libertação;
De ser uma grande tocha
Rompendo com a escuridão;
Eu fui pondo em cada verso
Um raio para o universo
Ver com clareza a lição.

Momentos de Medeiros Braga com o cordel

Bolsas que foram distribuídas no evento SINALP, da UFPB, em 2016. Nelas há uma xilogravura minha feita pela Dra. Márcia Carvalho, esposa do poeta Nelsão Barbosa.


Palestra na UFPB


Exposição SEBRAE JP


UFPB: Evento Comunicação


Evento do Curso de Comunicação da UFPB


Feira Livro Mossoró


Exposição na UEPB - Campina Grande


Simpósio da UFPB


Exposição na Livraria O Sebo Cultural, em João Pessoa.


Simpósio Nacional de Literatura Popular com Dra. Manuela Maia e a Dra. Fátima Batista, da UFPB, quando tomei posse como membro da ABLC.


Com Gonçalo Ferreira, Presidente da ABLC, na ocasião da minha posse nessa instituição, em 27.10.2016.


👆 Meu próximo livro
Cordéis que já lancei e que pretendo reuni-los no próximo livro que irei publicar com o título:
HISTÓRIAS DO NORDESTE BRASILEIRO: REVOLUÇÃO - REVOLTA - GUERRA E MASSACRE. A SAGA DA NOSSA HISTÓRIA NA VERSÃO DA LITERATURA DE CORDEL.


Links sobre Medeiros Braga
Leandro Gomes de Barros, o precursor do cordel.
Tenda do Cordel 2009
Terra Roxa - Revista de Estudos Literários
Site do frei Gilvander Moreira
Anais VII ENID & V ENFOPROF / UEPB
Núcleo Piratininga de Comunicação
Cordel de Saia: O cordel em cordel.
www.camarabrasileira.com.br/
Memórias da Poesia Popular
Paraíba Criativa
Portal da USP
https://repositorio.ufpb.br/



Cordel sobre Paulo Freire


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